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Eu tenho um sonho…

by ~DarkCalamity

Nestes tempos em que as disciplinas de auto-conhecimento e a auto-ajuda estão em alta, tem-se celebrado os sonhos como nunca. O mundo encontra-se povoado por sonhadores, mas poucos são como Martin Luther King Jr…

“Eu tenho um sonho que um dia esta nação se levantará e viverá o verdadeiro significado de sua crença – nós celebraremos estas verdades e elas serão claras para todos, que os homens são criados iguais.

Eu tenho um sonho que um dia nas colinas vermelhas da Geórgia os filhos dos descendentes de escravos e os filhos dos descendentes dos donos de escravos poderão se sentar junto à mesa da fraternidade.”

O reverendo King sonhou com um mundo igualitário, entretanto, quando falamos de sonhos, quase sempre estamos nos referindo a satisfação da fome do nosso próprio estômago.

Existem inúmeras canções que falam de forças opositoras que tentam a todo custo assassinar nossos sonhos. Estas músicas costumam sacralizar nossas aspirações, tratando-as como coisas muito preciosas e que não devemos medir esforços para preservá-las. Quando interiorizamos tais idéias e a vida segue um curso indesejado, nos sentimos injustiçados, daí, passamos a clamar a Deus para que Ele derrame as taças de Sua Santa Ira sobre esta existência, que teima em seguir seus próprios caminhos.

É curioso observar que sempre que Deus concedeu sonhos a alguém foi em nome de um bem coletivo, e não de propósitos egoístas (Tiago 4:3).

  • Os sonhos do Faraó do Egito, interpretados por José, serviram para salvaguardar a família de Jacó e o próprio Egito da fome (Gênesis 41:2).
  • Os sonhos de Daniel forneceram uma antevisão do advento, morte e ressurreição do Ungido de Deus (Cristo) (Daniel 9:24-27).

Não digo com isso que está vetado o nosso direito de sonhar, longe de mim pensar assim, mas creio que as nossas ambições devem ser colocadas em seu devido lugar. Temos que estar cientes que muitos dos nossos anseios não vão virar realidade e que não há nada de mal (o mal com “L” é proposital!) com isso.

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Faço aqui um Post Scriptum para parafrasear versos de Poesia Titânica:

“Nenhuma idéia (sonho) vale uma vida.
O Evangelho não é uma idéia, é uma Pessoa!
A troca feita na cruz não foi de uma Vida por uma idéia (ou ideal).
Foi uma Vida por várias vidas!”

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A Ditadura do Sucesso

Preso

Parece uma contradição aparente que numa época tão ruidosa tal qual esta que vivemos, estejamos sendo afetados por tantos eventos silenciosos: revoluções silenciosas, epidemias silenciosas, genocídios silenciosos, etc…

Assim, muitos podem não notar, mas nossa sociedade é impulsionada por um êmbolo taciturno, azeitado constantemente pelos interesses do mercado, o que aumenta sua eficiência e faz com que o mesmo opere constantemente, sem ser perturbado por praticamente nenhuma força opositora.

Apesar da mudez, o tal pistão faz com que todos dentro de seu campo de influência sigam suas ordens sem contestar. Ele conseguiu a proeza de instituir seu regime autoritário – A Ditadura do Sucesso – de maneira pacífica e até sorridente.

Mas afinal, o que caracteriza a tal “Ditadura do Sucesso”?

Presenciamos a obediência cega aos ditames deste regime despótico quando constatamos que para alguém ser respeitado, tido como exemplo ou citado nas rodas de “amigos”, este mesmo precisa ter amontoado um número considerável de objetos em seus depósitos. Além disso, são fixados alvos a serem atingidos em cada etapa de nossas vidas: Aos 15 anos, você precisa ter o tênis da moda, aos 25 você precisa ter um carro, aos 35 você precisa ter uma casa própria…

Outra lei inexorável que consta no regimento da “Ditadura do Sucesso” é que as pessoas devem se casar com seus empregos, sacrificando o presente com suas famílias em nome de um futuro “vitorioso”.

“Melhor é a mão cheia com descanso do que ambas as mãos cheias com trabalho, e aflição de espírito.” (Eclesiastes 4:6)

Somos educados a acumular, estamos acostumados a escutar  expressões como: “Quanto mais melhor”, “É melhor pecar pelo excesso”, “Você vale o quanto tem”, etc… Diante deste fato, dar de cara com um pensamento radicalmente oposto nos causa espanto e até um certo desconforto.

“Não é o acréscimo diário, mas o decréscimo diário. Corte fora o que não for essencial” (Bruce Lee)

A biografia de Bruce Lee é um testemunho eloquente de seu hábito de andar na contramão da sociedade de sua época. O que dizer então de um homem como João Batista, que tecia suas próprias roupas e não precisava ir ao mercado para obter seus alimentos (Mateus 3:4)? Ou do próprio Jesus, que apesar de toda a sua sabedoria e do seu discurso poderoso (sem citar seus atributos divinos), afirmou não ter onde reclinar a cabeça (Mateus 8:20)? Tais fatos me levam a refletir se todas aquelas coisas que julgamos essenciais ao nosso bem estar, são de fato tão necessárias assim.

“Tudo o que não é eterno, é eternamente inútil.” (C. S. Lewis)

Não tenho intenção de alargar as franjas das minhas vestes. Não nego que alguns de meus poucos bens me dão prazer. Outrossim, gosto de ouvir o eco da vós de Salomão, que  era invejado por sua riqueza, e ainda assim, cometeu a “ousadia” de deixar para a posteridade escritos como estes, registrados nas páginas do livro de Eclesiastes, no capítulo 2.

“Fiz para mim obras magníficas; edifiquei para mim casas; plantei para mim vinhas.” (v. 4)

“Fiz para mim hortas e jardins, e plantei neles árvores de toda a espécie de fruto.” (v. 5)

“Amontoei também para mim prata e ouro, e tesouros dos reis e das províncias; provi-me de cantores e cantoras, e das delícias dos filhos dos homens; e de instrumentos de música de toda a espécie.” (v. 8)

“E olhei eu para todas as obras que fizeram as minhas mãos, como também para o trabalho que eu, trabalhando, tinha feito, e eis que tudo era vaidade e aflição de espírito, e que proveito nenhum havia debaixo do sol. (v. 11)

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Muito prazer, meu nome é otário…

Dom Quixote

Muito prazer, meu nome é otário
Vindo de outros tempos mas sempre no horário
Peixe fora d’água, borboletas no aquário
Muito prazer, meu nome é otário
Na ponta dos cascos e fora do páreo
Puro sangue, puxando carroça

Um prazer cada vez mais raro
Aerodinâmica num tanque de guerra,
Vaidades que a terra um dia há de comer.
“Ás” de Espadas fora do baralho
Grandes negócios, pequeno empresário.

Muito prazer me chamam de otário
Por amor às causas perdidas.

Tudo bem, até pode ser
Que os dragões sejam moinhos de vento
Tudo bem, seja o que for
Seja por amor às causas perdidas
Por amor às causas perdidas

Tudo bem… Até pode ser
Que os dragões sejam moinhos de vento
Muito prazer… Ao seu dispor
Se for por amor às causas perdidas
Por amor às causas perdidas

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Uma singela homenagem a todos aqueles “otários” que ainda persistem em lutar pelas causa “perdidas”. Se pensar como eu penso é ser otário, então… Muito prazer, meu nome é otário!

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Quando um palhaço fala sério

[vimeo http://vimeo.com/31631472]

“…porque eis que o reino de Deus está entre vós.” (Lucas 17:21)

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O vencedor

Nunca fui um desportista dos mais habilidosos, contudo, sempre gostei de esportes – muito mais de acompanha-los pela TV do que propriamente pratica-los – talvez por isso, o campeonato pan-americano que se desenrola na cidade mexicana de Guadalajara, me encha tanto os olhos!

Vejo competições desta natureza como imensas peças teatrais, onde o protagonista é sempre a alma humana e a cada ato temos vislumbres dos extremos que esta pode alcançar. Enquanto alguns exultam, orgulhosos das medalhas que pendem em seus pescoços, outros escondem o rosto com as mãos, lamuriosos por não terem alcançado o êxito almejado.

Creio que além do sentimento de falha, os atletas vencidos vivenciam uma crise de significância, pois raramente alguém que termina uma prova em quarto lugar, será louvado por seus esforços heroicos. A história da humanidade quase sempre foi contada pelos vencedores. Os derrotados e conquistados dificilmente tiveram a oportunidade de dar suas versões dos fatos.

As competições não se restringem aos eventos esportivos, pois desde muito cedo, sentimo-nos pressionados a provar que somos mais valorosos que os nossos semelhantes. Basta observar um grupo de jovens mães para vermos como cada uma delas se gaba por seu rebento ter engatinhado ou dito as primeiras palavras antes que os demais. Na escola, cobiçamos ser o melhor aluno da classe, o craque do time de  futebol ou o mais eloquente orador. E por fim, já na vida adulta, vemos nossos colegas de trabalho mais como adversários do que como companheiros.

A rivalidade entre seres humanos não é uma invenção moderna, ela remonta a tempos ancestrais, desde que Caim percebeu que a oferta de seu irmão foi melhor aceita por Deus que a sua própria (Gênesis 4:5). Aparentemente o sangue derramado de Abel marcou indelevelmente a alma humana, com efeito, que até a nossa piedade é permeada por um sentimento de superioridade, pois, ficamos aliviados ao encontrar uma pessoa em uma situação mais complicada que a nossa.  Não é difícil ouvir de amigos que tentam nos consolar: “existe gente em condições piores que a sua”.

O “cristianismo” hodierno ao invés de coibir (Gálatas 5:26), parece incentivar a emulação. Alguns líderes fazem uso de trechos da Bíblia – devidamente tirados do contexto – para incutir na mente de seu secto que estes devem, por obrigação, ser sempre mais bem sucedidos que os demais. E na corrida desenfreada para ser um “mais que vencedor”, os ditos cristãos ficam mais preocupados em romper uma fita com o peito do que quebrar as algemas que manietam os pés do próximo.

Grande parte dos ditos evangélicos anseia mais pelo palco do que pela cruz! Digo porém que deveríamos buscar o exemplo de Jesus, que apesar de ter a mente voltada para o céu, mantinha Seus olhos atentos à aqueles que caiam as margens do caminho. Cristo sentia-se irresistivelmente atraído por “perdedores”! E Ele não os olhava como pessoas de segunda classe, e sim, dava-lhes o devido valor.

“E, voltando-se para a mulher, disse a Simão: Vês tu esta mulher? Entrei em tua casa, e não me deste água para os pés; mas esta regou-me os pés com lágrimas, e mos enxugou com os seus cabelos.
Não me deste ósculo, mas esta, desde que entrou, não tem cessado de me beijar os pés.
Não me ungiste a cabeça com óleo, mas esta ungiu-me os pés com unguento. ” (Lucas 7:44-46)

Diante disto, sinto-me constrangido pelo modelo de Cristo! Gostaria eu de não ter que competir, de não ter que correr tanto, de dedicar mais tempo as pessoas e menos as coisas…

Eu que já não quero mais ser um vencedor
Levo a vida devagar pra não faltar amor

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