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Santa Irrelevância!!

Não sou telespectador de novelas nem pretendo assistir “Salve Jorge”. Não por conta das sementes de terror lançadas no solo fértil das mentes supersticiosas dos evangélicos, muito menos por conta da proposta de boicote que tomou de assalto as redes sociais nestes últimos dias, mas por não me sentir atraído por mais esta “trama étnica” de Glória Perez.

EDIT: Para os que não viram, eis umas das imagens que circularam pelas redes sociais, conclamando os crentes a boicotar o folhetim global.

“Se, pois, estais mortos com Cristo quanto aos rudimentos do mundo, por que vos carregam ainda de ordenanças, como se vivêsseis no mundo, tais como: Não toques, não proves, não manuseies?” (Colossenses 2:20,21)

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Eu tenho um sonho…

by ~DarkCalamity

Nestes tempos em que as disciplinas de auto-conhecimento e a auto-ajuda estão em alta, tem-se celebrado os sonhos como nunca. O mundo encontra-se povoado por sonhadores, mas poucos são como Martin Luther King Jr…

“Eu tenho um sonho que um dia esta nação se levantará e viverá o verdadeiro significado de sua crença – nós celebraremos estas verdades e elas serão claras para todos, que os homens são criados iguais.

Eu tenho um sonho que um dia nas colinas vermelhas da Geórgia os filhos dos descendentes de escravos e os filhos dos descendentes dos donos de escravos poderão se sentar junto à mesa da fraternidade.”

O reverendo King sonhou com um mundo igualitário, entretanto, quando falamos de sonhos, quase sempre estamos nos referindo a satisfação da fome do nosso próprio estômago.

Existem inúmeras canções que falam de forças opositoras que tentam a todo custo assassinar nossos sonhos. Estas músicas costumam sacralizar nossas aspirações, tratando-as como coisas muito preciosas e que não devemos medir esforços para preservá-las. Quando interiorizamos tais idéias e a vida segue um curso indesejado, nos sentimos injustiçados, daí, passamos a clamar a Deus para que Ele derrame as taças de Sua Santa Ira sobre esta existência, que teima em seguir seus próprios caminhos.

É curioso observar que sempre que Deus concedeu sonhos a alguém foi em nome de um bem coletivo, e não de propósitos egoístas (Tiago 4:3).

  • Os sonhos do Faraó do Egito, interpretados por José, serviram para salvaguardar a família de Jacó e o próprio Egito da fome (Gênesis 41:2).
  • Os sonhos de Daniel forneceram uma antevisão do advento, morte e ressurreição do Ungido de Deus (Cristo) (Daniel 9:24-27).

Não digo com isso que está vetado o nosso direito de sonhar, longe de mim pensar assim, mas creio que as nossas ambições devem ser colocadas em seu devido lugar. Temos que estar cientes que muitos dos nossos anseios não vão virar realidade e que não há nada de mal (o mal com “L” é proposital!) com isso.

-x-

Faço aqui um Post Scriptum para parafrasear versos de Poesia Titânica:

“Nenhuma idéia (sonho) vale uma vida.
O Evangelho não é uma idéia, é uma Pessoa!
A troca feita na cruz não foi de uma Vida por uma idéia (ou ideal).
Foi uma Vida por várias vidas!”

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Beija eu, Seja eu…

“Sede unânimes entre vós; não ambicioneis coisas altas, mas acomodai-vos às humildes; não sejais sábios em vós mesmos” (Romanos 12:16)

Pessoas que professam um mesmo credo, seja ele político, ideológico ou religioso, costumam enxergar o mundo por um prisma em comum, assim, é de se esperar que os cristãos, ou melhor, as pessoas que se dispuseram a seguir o exemplo e os ensinamentos de Cristo, vejam a vida através das lentes da cosmovisão cristã.

Eu aceito a afirmação supracitada como uma verdade simples e auto-evidente, mas também não acho inconcebível que duas pessoas que bebem de uma mesma fonte de fé cultivem pontos de vistas dissonantes.

Não me entendam mal, minha intenção não é relativizar a fé ou a doutrina cristã, eu creio que existem questões basilares, que se não forem bem aceitas, levam o indivíduo a viver uma religião descaracterizada e/ou pervertida, ao passo que, existem matérias que podem entrar em pauta sem que para isso alguém precise cometer um pecado ou incorrer em heresias.

Acredito que os cristãos da era apostólica tinham esta mesma compreensão, pois, celibatários viviam em paz com pessoas casadas (1 Co 7:1, Mt 8:14), vegetarianos comiam ao lado de carnívoros (Rm 14:6), abstêmios trocavam experiências com apreciadores de vinho, etc…

Assim sendo, lanço as seguintes indagações: Por acaso não é pertinente a um crente desenvolver senso crítico? Não é conveniente que um homem de fé tenha suas próprias opiniões?

Arrisco dizer que a réplica de grande parte dos atuais líderes cristãos para ambas as perguntas seria um sonoro NÃO!

Estes arroubos de autoritarismo não são desencadeados somente pelo receio de perder o controle sobre o rebanho, pois, existem fatores históricos e culturais que levam a maioria dos detentores do poder a agirem desta forma.

A igreja, assim como toda sociedade ocidental, foi fortemente influenciada pelo dualismo helênico de Platão, o que nos leva a enxergar quase todas as coisas em pares equivalentes e opostos: Preto e Branco, Fé e Razão, Sagrado e Mundano, etc…

Por causa disso, toda opinião contrária é automaticamente classificada como maligna. A consequencia imediata disto é o empobrecimento cultural e a instituição do obscurantismo e do conformismo como sinais de uma fé saudável.

Afinal, é possível viver integrado a uma comunidade e ainda assim manter a individualidade? Eu creio que sim, até porque, estas duas coisas não ocupam hemisférios distintos do meu cérebro. Mas a maioria dos cristãos insiste em ver a Igreja pela ótica fordista:

“O cliente pode ter um carro pintado com a cor que desejar, contanto que seja preto.” (Henry Ford)

ou seja:

“Nós te aceitamos da forma que você é, contanto que você passe a se vestir, falar e andar como nós”

Por fim, como integrante do bando das “ovelhas negras” (que fazem questão de permanecer no aprisco do Bom Pastor), reafirmo que não estou propondo a negociação do inegociável (aspectos fulcrais da fé), e sim, que todos ponham em prática o principio da alteridade, que é a capacidade ou qualidade de “ser” o outro, entender seus anseios e dores (seja eu), e ama-lo (beija eu) apesar deles.

Seja eu!
Seja eu!
Deixa que eu seja eu
E aceita
O que seja seu
Então deita e aceita eu…

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A Igreja em posição de Lótus

Lótus

Houve um tempo em que as manhãs dominicais eram mais solenes. Recordo-me muito bem desta época gloriosa, pois afinal de contas, não se passaram tantos anos desde que o sol se pôs sobre o último daqueles dias… Não era incomum que famílias inteiras “guardassem” o domingo e dedicassem boa parte deste dia à contemplação de um frenético cortejo, onde desfilavam de forma ruidosa e desordenada, aqueles que eram os alvos de toda esta devoção. Antes do inicio do evento em si, os mais experientes dentre os presentes, discursavam  acerca das lutas vividas pelos heróis do passado, das artimanhas arquitetadas pelos infames vilões e sobre os mártires que perderam suas vidas no cumprimento do dever. Bons tempos aqueles!

Embora tenha utilizado imagens que remetem à cerimônias religiosas, os acontecimentos descritos no parágrafo anterior se desenrolavam durante as mundanas transmissões televisivas da Fórmula 1, lá pelos idos de 1990.

Muitos dos que ocupavam os cockpits daqueles bólidos eram dignos de menção, entretanto, resolvi falar de alguém que preferiu atuar nos bastidores.  Trata-se do genial engenheiro inglês Colin Chapman, fundador da Lotus Cars. Seu brilhantismo se apoiava na coragem de pensar  de uma forma contrária ao “Statu Quo” da época.

Os adversários da Lotus se valiam de uma receita bastante óbvia para fazer com que seus carros cruzassem a linha de chegada antes dos concorrentes – eles simplesmente, procuravam aumentar ao máximo a potência bruta de seus motores – em Hethel (pequeno vilarejo inglês onde está instalado o QG da Lotus), no entanto, as coisas eram feitas de forma diferente, pois lá era entoado constante e continuamente o “mantra” de Colin Chapman:

–  “Para ganhar velocidade, adicione leveza”.

Fora dos circuitos da F1 o antagonismo persistia, pois, a medida em que os EUA fabricavam carros cada vez mais poderosos, porém gordos e beberrões, a Lotus construía veículos menores, com motores bem menos potentes, todavia ágeis e capazes de bater qualquer banheira yankee em uma pista sinuosa.

“Aumentar a potência deixa você mais rápido nas retas; subtrair peso deixa você mais rápido em todo lugar.” (Colin Chapman)

Não é difícil traçar um paralelo entre a Igreja hodierna e os opositores da Lotus. As instituições religiosas de hoje tornaram-se grandes, pesadas e famintas por “recursos” (sejam eles humanos, financeiros, etc…). A exemplo dos “Muscle Cars” americanos, tais instituições só são velozes em espaçosas highways, contudo, não exibem a mesma desenvoltura ao se depararem com uma estradinha estreita e cheia de curvas.

No final dos anos 60, os grandes fabricantes de Chicago tiveram que adequar seus automóveis as novas leis que estabeleciam limites para a emissões de poluentes, o que transformou os outrora “musculosos” em imensas barcas metálicas que não empolgavam mais ninguém.

Conforme escrevi em outra ocasião, creio que a Igreja Institucional ainda tem um papel importante a desempenhar, só não sei até quando, pois nada impede que novas “leis anti-poluentes” entrem em vigor…

Por fim, não estou bem certo se o melhor para a cristandade é continuar a bordo de seus possantes gigantes de aço, substitui-los por modelos menores e menos dispendiosos ou abandonar a combustão interna de vez e perfazer o restante do caminho a pé.

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Você não foi convidado!

Happy Birthday

Ahhhh! O natal, esta época mágica, tão querida por muitos, onde as famílias reúnem-se ao redor de uma mesa, para celebrar, para comemorar, para relembrar… O próprio natal!

A dura realidade é que o natal virou um fim em si mesmo. As tradições natalinas não nos ajudam a recordar – salvo pela visão de um ou outro ícone em meio as centenas que decoram as casas nesta época – o nascimento de Cristo.

Deixando as questões cronológicas de lado, fico pasmo em presenciar, nesta data que foi escolhida para trazer à memória a vinda do Salvador ao mundo (pelo menos em tese), vigorosas e não tão discretas tentativas de expulsar Jesus da festa!

No lugar de honra que deveria estar reservado ao Senhor, está assentado um outro “homem”. Ao contrário do que reza a lenda, o tal “homem” também não é Nicolau, que foi preso durante o reinado de Diocleciano (284 a 305 d.C) por recusar-se a negar sua fé em Jesus Cristo. Trata-se portanto, de uma outra “entidade”, e esta, em oposição ao bispo de Mira, seria incapaz de demonstrar tamanha convicção.

Aquele que é conhecido por Noel, em nada lembra Jesus…

Primeiro por sua aparência:

  • Jesus morrer jovem, aos 33 anos, não tendo tempo de ostentar uma longa e alva barba (já os religiosos que o acusaram…).
  • Os pigmentos que tingiam os tecidos de vermelho (derivados de materiais ferrosos) tinham preços proibitivos para um pobre carpinteiro.

E finalmente, por seus valores:

  • Em vários momentos, Jesus demonstrou um apego visceral a verdade, sendo Ele próprio a Verdade (Jo 14:6). Já o camaleônico Noel, apoia-se em uma mentira para induzir as pessoas a alimentarem o seu verdadeiro senhor, o mercado, com uma polpuda ração anual de capital.
  • Noel também não vê graça na graça, pois, no mundo meritocrático em que vivemos, onde todos tem que “correr atrás”, “fazer por merecer” e onde o cristianismo é a única dentre as grandes religiões que ousa falar de graça, o “Papai do Natal” não pode nem pensar em se alinhar com a minoria, não é verdade? Portanto, só crianças boazinhas recebem presentes!

No mais, só oro para que Jesus nasça em cada vez mais corações e que possamos celebrar o verdadeiro espírito do natal, não uma só vez por ano, mas em todos os dias de nossas vidas.

“Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu, e o principado está sobre os seus ombros, e se chamará o seu nome: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz.” (Isaías 9:6)

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